A Formula Nippon foi criada em 1996, substituindo a F3000 Japonesa, a história é muito vasta, poderíamos viajar muito no tempo, desde a época da antiga F2000 Japonesa, mas por hora vamos nos ater apenas a fase Formula Nippon.
Satoshi Motoyama 1996, Super Aguri |
De 1996 até hoje, a Nippon foi celeiro de grandes pilotos, muitos deles depois de passar pelo Japão, seguiram suas carreiras em outros continentes, caso por exemplo de Ralf Schumacher e Pedro de la Rosa, mas houveram também aqueles pilotos que ao invés de cruzar o oceano, construíram uma carreira sólida e vencedora correndo apenas no Japão, e o caso mais evidente e bem-sucedido não poderia ser outro senão Satoshi Motoyama.
Motoyama fez sua estreia junto com o nascimento da categoria, aos 25 anos guiando pela equipe de Aguri Suzuki, a Funai Super Aguri e por lá passou dois anos. O primeiro sucesso de Motoyama viria em 1998, correndo agora pela Team LeMans, Satoshi Motoyama fez uma temporada espetacular, conquistando seu primeiro título na categoria, o início de uma história que talvez nem ele, Motoyama, imaginaria que pudesse alcançar patamares tão altos.
Satoshi Motoyama 2001, Impul |
Depois de mais um ano correndo pela Team LeMans, Motoyama se juntaria a uma lenda do automobilismo japonês, Kazuyoshi Hoshino, o herói desbravador que correu na primeira corrida de F1 no Japão lá atrás em 1976. Hoshino, ídolo absoluto e principal piloto japonês da história, passava a ter em sua equipe um novo ídolo em potencial, e esse casamento não poderia ter dado mais certo, foram 3 títulos e um vice-campeonato e o império de Motoyama era instituído na Formula Nippon. Com ele a Impul de Hoshino ganhou ainda mais força e se consolidou como a principal equipe do automobilismo japonês.
Satoshi Motoyama 2007, Impul |
Depois do título em 2005, a Formula Nippon estreou em 2006 um novo chassi, o FN06 fabricado pela Lola. Foi aí então que o domínio de Motoyama se esvaiu, em três anos com o novo chassi, Motoyama conseguiu apenas três vitórias, as três no ano de 2007, seu último ano correndo pela Impul, onde terminou o campeonato com 38 pts. e um honroso quarto lugar.
Em 2008, Motoyama já disposto a encerrar sua carreira nos monopostos, se transferiu para a Team LeMans, equipe pela qual conquistou seu primeiro título. Era um desejo de Motoyama, encerrar sua belíssima história na Formula Nippon no mesmo lugar em que seus dias de glória começaram a ser escritos. Infelizmente Motoyama não conseguiu se despedir da equipe com uma vitória, mas foi brindado com um pódio em Suzuka. Era a última vez que o rei da Formula Nippon pisava um pódio da categoria.
Satoshi Motoyama 2005, Impul |
Motoyama estabeleceu todos os recordes, absoluto no Japão, colecionou 27 vitórias na categoria, mais do que o dobro de vitórias de Benoit Treluyer que vem atrás com 11. Nas pole-positions e nas voltas mais rápidas, ninguém conseguiu bater Satoshi, que ainda detém o recorde de largadas, são 127 corridas na categoria. Ou seja, não existe ninguém melhor do que Satoshi Motoyama para representar o que foi, o que é e o que será a Formula Nippon. Um piloto dedicado, talentoso, rápido e apaixonado, que fez de seu país natal seu reino de conquistas em uma categoria, que embora não tenha a atenção merecida pelo mundo do automobilismo, é uma das mais exigentes e competitivas que existe, vencer na Nippon é para poucos e nessa arte Satoshi Motoyama não deixou espaço pra mais ninguém.
Depois de deixar a categoria, Motoyama passou a se dedicar apenas ao SuperGT, principal campeonato de turismo no Japão, uma categoria com um apelo popular impressionante e lá continua a brindar os espectadores e telespectadores com seu talento.
Satoshi Motoyama 2003, Impul |
Pra encerrar, vale a pena falar um pouquinho do lado humano de Motoyama. Muita gente quando olha para um piloto de automobilismo, imagina uma figura fria, sem espaço para sentimentos, mas não é bem assim. Em sua vida, Motoyama tinha um grande amigo, Daijiro Kato, revelação da motovelocidade, vinha galgando espaço no cenário da MotoGP, mas acabou sendo vítima de um acidente fatal em Suzuka, na abertura da temporada de 2003. A dor de perder um de seus melhores amigos foi muito grande para Motoyama, que a partir de então passou a estampar na pintura de seu carro, em todas as equipes que correu, o número 74, usado por Kato na MotoGP. Uma homenagem muito significativa e delicada de alguém que demonstrou que não importa o quão competitivo seja o automobilismo, mas ainda sim, há espaço para demonstrações de carinho e afeto, um exemplo de bom coração que deveria ser seguido em todos os setores da sociedade. E para quem não sabe, um detalhe, em 2003, Motoyama foi campeão com a maior margem de pontos de todos os seus quatro títulos da categoria. Parabéns Satoshi Motoyama! A Formula Nippon sempre sentirá saudades.
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