quinta-feira, 22 de março de 2012

Formula Nippon 2012 - Team Impul


Não podemos falar da Team Impul sem antes falar de seu fundador e dono, o melhor piloto de todos os tempos no Japão, Kazuyoshi Hoshino.

Um dos mais bem sucedidos pilotos da história do Japão, Kazuyoshi Hoshino é muito mais do que isso, é uma lenda. Nascido em primeiro de julho de 1947, Hoshino teve uma carreira automobilística muito longa, encerrando-a apenas em 2002, aos 55 anos. Sendo que até os 49 anos, corria ainda em monopostos. Foi o piloto mais velho a disputar uma corrida de Formula Nippon e o mais velho a vencer. Participou apenas da temporada inaugural da categoria, terminando o ano na terceira colocação.

Hoshino venceu por duas vezes o campeonato japonês de F2000, uma vez o campeonato japonês de F2 e três vezes o campeonato japonês de F3000, seus anos de triunfo foram em 1975, 1977, 1978, 1987, 1990 e 1993. Isso sem contar um título no campeonato japonês de esporte-protótipo e também no campeonato japonês de turismo o JTCC.

Durante o período de F3000, Hoshino criou sua equipe, a Impul, que hoje, além de equipe de automobilismo, fabrica carros e peças automotivas no Japão, sendo uma empresa muito bem sucedida. O primeiro da equipe, porém, era Hoshino Racing e foi por ela que Hoshino faturou o título de 1987, os outros dois, conquistou já com a nomenclatura de Impul. No SuperGT, com apoio antigo da Calsonic, Hoshino fez história com sua equipe e a famosa pintura azul de seus carros, que ganhou um apelido, conhecido e amado pelos torcedores japoneses, “Legend of Blue” sempre com apoio da Nissan.

Hoshino também participou das duas etapas da F1 no circuito de Fuji, na década de 70, com a equipe Heroes Racing, em 1977 com um chassi da Tyrrell e em 1978, com um chassi Kojima de fabricação japonesa.

Na Formula Nippon a história da Impul é muito rica. É a equipe com maior número de títulos, são seis ao todo, sendo que o primeiro título veio apenas em 2001, com o piloto que mais venceu na história da categoria, Satoshi Motoyama, tetracampeão da Formula Nippon, que conquistou três de seus quatro títulos pela Impul. De 2003 até 2011, foram seis títulos da equipe de Hoshino. Sendo desses seis, quatro consecutivos, entre os anos de 2005 e 2008, com os pilotos, Satoshi Motoyama em 2005, Benoit Treluyer em 2006 e Tsugio Matsuda em 2007 e 2008. A equipe voltaria a ser campeã em 2010, com o brasileiro João Paulo de Oliveira. No total, foram sete títulos de pilotos e seis de equipes, em 2001, a Impul deixou o título de equipes escapar, a campeã naquele ano foi a 5Zigen.

O poderio técnico e a capacidade organizacional da Impul é tão grande, que por várias temporadas foi necessário uma segunda equipe, em 2006, 2007 e 2008, a Impul teve quatro pilotos no grid da Formula Nippon. A equipe de Hoshino, é de longe a mais bem organizada e mais bem estruturada de todas as equipes de competição no Japão. Comandada pelo homem que dedicou sua vida ao automobilismo, que estabeleceu em seu país, em sua pátria, recordes e marcas impressionantes, um piloto que no amor mais puro pelo automobilismo, correu de forma competitiva e consistente até os seus 55 anos de idade. Um nome que está marcado para sempre na história do automobilismo japonês e mundial, Kazuyoshi Hoshino é o símbolo maior do esporte a motor no Japão, o homem que traduz toda a vontade e dedicação de um povo apaixonado pela velocidade.



João Paulo de Oliveira
Brasileiro, 30 anos
Corridas: 36
Pontos: 126,5
Vitórias: 4
Poles: 5
Títulos: 1
Estreia: Suzuka, 2006 pela M&O 5Zigen

João Paulo de Oliveira foi o primeiro brasileiro a ser campeão da Formula Nippon, um piloto extremamente talentoso, que encontrou no Japão uma segunda casa e construiu uma carreira sólida e vencedora.

João estreou em 2006, pela 5Zigen, substituindo o piloto Ryo Orime, na última etapa do ano em Suzuka. Oliveira, que não conhecia o carro, teve um dia apenas de testes para conhecer sua máquina. Seu desempenho foi espetacular, largou quatro posições a frente de seu companheiro de equipe, Ryo Michigami, mostrando uma adaptação muito rápida.
Na corrida, Oliveira assombrou ainda mais. Debaixo de muita chuva em Suzuka, o brasileiro fez uma estreia espetacular, saindo de uma décima-sétima colocação no grid, para terminar em oitavo. Só não marcou pontos em sua estreia, porque na época apenas os seis primeiros pontuavam. Mas o desempenho de Oliveira, a intimidade com o carro que ele mal conhecia e a habilidade de guiar no molhado, chamaram a atenção da Kondo Racing, que contratou o brasileiro para o ano seguinte.

A Kondo Racing nunca foi uma equipe de ponta, Oliveira sabia do desafio que seria guiar por lá, mas aceitou a proposta e fez uma boa temporada de estreia, terminou com 18 pontos, enquanto seu companheiro de equipe, Masataka Yanagida, encerrou a temporada zerado. Mesmo por uma equipe limitada, a força de vontade de Oliveira foi brindada na última corrida do ano, em Suzuka, quando João, conquistou seu primeiro pódio na categoria, com um terceiro lugar, um prêmio para o piloto que tanto trabalhou no desenvolvimento do carro durante todo o ano.

Em 2008, com um ano de experiência na equipe, com seu trabalho mais amadurecido, Oliveira fez uma temporada muito acima das expectativas da sua equipe. Foam três pódios, dois terceiros lugares, na rodada dupla de Motegi e a tão sonhada primeira vitória, numa corrida magistral em Fuji, onde Oliveira não deu chance a ninguém. Pole position e vitória, numa pista onde o brasileiro sempre anda muito forte. No final da temporada, um sexto lugar, com 33 pontos, uma marca até então inimaginável para uma equipe como a Kondo.

Apesar do excelente desempenho em 2008, Oliveira ficou a pé para 2009, quando se dedicou integralmente ao SuperGT. Voltou a Formula Nippon em 2009, dessa vez contratado pela equipe mais forte da categoria, a Team Impul. A Impul, que depois de quatro títulos consecutivos, viu a temporada de 2009 ser dominada por Loic Duval e sua Nakajima Racing.

A estreia de Oliveira na Impul não poderia ser melhor. Nas três primeiras etapas, três pódios, um segundo lugar em Suzuka, sua primeira vitória pela equipe, em Motegi, debaixo de muita chuva, condição de pista que privilegia o talento do brasileiro e um terceiro lugar em Fuji. A partir daí, Oliveira teve alguns problemas e o mais doloroso deles, sem dúvida veio em Sugo. O brasileiro liderava a corrida até com certa tranquilidade, quando na última volta, começou a reduzir, Oliveira estava sem combustível e a vitória caiu no colo de Kazuya Oshima. Apesar dos problemas, Oliveira não se abateu, recuperou a boa forma e com um segundo lugar em Autopolis, chegou a Suzuka com 36 pontos, empatado com Andre Lotterer da Tom’s.

A etapa de Suzuka, seria uma rodada dupla, com pontuação diferente da usada até então no campeonato. Oliveira saiu na frente de Lotterer na disputa pelo título, quando conquistou a pole position para a segunda corrida. A pole na Formula Nippon, vale um ponto. Oliveira já iria para a primeira corrida com uma vantagem de um ponto. Loic Duval venceu, Lotterer chegou em terceiro e Oliveira, fora do pódio, via o seu campeonato correr risco. Agora não só Duval estava no páreo também, como Lotterer com os três pontos conquistados, estava agora, meio ponto atrás de Oliveira, o brasileiro continuava líder, agora com 39,5 pts, Lotterer vinha com 39, enquanto Duval tinha 37. Eram três equipes diferentes na briga pelo título.

Apesar dos rivais estarem chegando tão perto, o talento de Oliveira falou mais alto, aproveitando-se da pole position, Oliveira conseguiu a vitória em Suzuka, sua segunda no ano e terceira na carreira e sagrou-se campeão da Formula Nippon. Em seu primeiro ano pela equipe de Kazuyoshi Hoshino, o brasileiro já conquistava o título, de forma dramática, na última etapa e mostrando uma adaptação incrível, já que não havia corrido na temporada passada e portanto não conhecia o chassi da Swift tão bem quanto seus rivais.

Em 2011, Oliveira novamente disputou o título, dessa vez, contra a dupla da Tom’s, Lotterer e Nakajima. Oliveira chegou a vencer uma etapa, em Motegi, mas o desempenho da Tom’s era forte demais e a equipe conquistou o título com Lotterer e o vice com Nakajima, ambos chegando ao pódio em todas as corridas que participaram.

A temporada de 2012 promete muito para Oliveira. O brasileiro foi muito rápido nos testes de pré-temporada, venceu a etapa extra campeonato debaixo de muita chuva em Suzuka e andou forte em Fuji. Com a chegada de Matsuda, Oliveira terá um companheiro forte no desenvolvimento do carro e pode sonhar com o seu bicampeonato na Formula Nippon. O brasileiro tem a confiança de Hoshino e toda a equipe, seu talento e sua dedicação sempre deram resultados e o brasileiro é novamente um dos favoritos ao título.



Tsugio Matsuda
Japonês, 32 anos
Corridas: 101
Pontos: 271,5
Vitórias: 7
Poles: 12
Títulos: 2
Estreia: Suzuka, 1998 pela PIAA Nakajima

Matsuda é o mais experiente entre todos os pilotos da atual temporada, não em idade, já que Sato é o mais velho, mas sua participação na Formula Nippon começou lá atrás, na distante temporada de 1998.

Recém saído do kart, Matsuda disputou apenas uma corrida em 1998, chamado pela PIAA Nakajima, correu a etapa de Suzuka e logo em sua estreia, terminou em sexto, marcando seu primeiro ponto na categoria. No ano de 1999, Matsuda não correu, mas em 2000, foi contratado como piloto titular da PIAA Nakajima.

Em sua primeira temporada completa, Matsuda terminou o ano com a quarta colocação geral, conquistando 27 pontos, com direito a quatro pódios, incluindo sua primeira vitória na categoria, conquistada na pista de Mine, logo na terceira etapa, num ano onde seu companheiro de equipe, Toranosuke Takagi, venceu oito das dez corridas da temporada, até hoje o piloto com mais vitórias em uma única temporada da Formula Nippon.

Matsuda continuou na Nakajima por mais duas temporadas, porém, sem conseguir mais nenhuma vitória e tendo como ponto alto uma pole position em Suzuka, na última etapa de 2001, Matsuda mudou de ares e em 2003, partiu para a Team Cerumo. Por lá ficou até o final de 2004, sem muitas perspectivas de crescimento, numa equipe que não lhe oferecia a estrutura necessária, Matsuda mais uma vez trocou de equipe, agora partia para a 5Zigen, equipe que havia sido campeã de equipes em 2001, mas estava enfrentando dias difíceis, longe das melhores colocações.

A decisão foi muito correta, numa equipe fraca, Matsuda mostrou toda sua capacidade, conseguiu dois pódios, com um segundo lugar em Suzuka e um terceiro em Fuji, além de uma pole position no encerramento da temporada em Suzuka. O ótimo desempenho levou Matsuda a melhor equipe da categoria no momento, a Impul. Começava aí um casamento que daria muitos frutos.

Em sua primeira temporada em 2006, Matsuda se reencontrou com a vitória e ela não veio de forma fácil, numa corrida espetacular em Autopolis, com direito a uma briga ferrenha com Toshihiro Kaneishi da ARTA pela vitória, Matsuda em uma manobra espetacular, tomou a ponta e dela não saiu mais, seis anos depois, o japonês sentia novamente o sabor do lugar mais alto do pódio. Foi vice-campeão, com 37 pontos, perdendo apenas para seu companheiro de equipe, Benoit Treluyer, que conquistava naquele momento um merecido campeonato.

Em 2007, Matsuda estabeleceu o primeiro de três recordes importantes de sua carreira e este, sem dúvida o mais curioso. Aproveitando-se de uma excelente regularidade em seus resultados e contando com a falta dela em seus rivais, Matsuda foi campeão da temporada de 2007 sem vencer uma única corrida sequer. O título foi decidido na última corrida, numa batalha entre três pilotos, Matsuda que chegou a Suzuka com 41 pontos, Benoit Treluyer que tinha 45 e Takashi Kogure que também tinha 41.

Tsugio Matsuda fez uma corrida segura, conservadora, lutando para marcar o maior número de pontos possíveis, sem arriscar uma saída de pista ou acidente. E as coisas começaram a dar certo quando Treluyer e Duval, se enroscaram na 130R, o título então caía nas mãos de Kogure que àquela altura liderava a corrida. O japonês da PIAA Nakajima venceu e comemorou o título, mas pouco tempo depois veio a notícia, Kogure estava desclassificado, seu carro estava com dimensões fora do regulamento no assoalho, com isso, Matsuda pulou da quinta para a quarta colocação no resultado final, conquistando 5 pontos e chegando a 46, um ponto apenas a mais que seu companheiro Benoit Treluyer, Matsuda sagrava-seentão campeão da Formula Nippon.

Em 2008, disposto a mostrar que sua força não era apenas a regularidade, mas também sua velocidade, Matsuda não deu chance a ninguém. Foi uma temporada espetacular. Começou vencendo as três primeiras corridas e mais, marcando poles nas cinco primeiras corridas. O desempenho era inacreditavelmente forte. A velocidade de Matsuda era inalcançável, nenhum piloto conseguia acompanhar seu ritmo. No final do ano, foram cinco vitórias, seis poles e sete pódios. Matsuda terminou o ano com 93,5 pontos, a maior pontuação de um piloto em uma única temporada da Formula Nippon, superando os 86 pontos de Takagi em 2000, esse era seu segundo recorde. O terceiro era decorrência de tudo isso, Matsuda se tornou o primeiro e único piloto até hoje na história da Formula Nippon, a vencer o campeonato de forma consecutiva. Nem mesmo o tetracampeão Satoshi Motoyama conseguiu essa façanha. Tsugio Matsuda escrevia seu nome na história da categoria.

Em 2009, sem se adaptar bem ao novo chassi, Matsuda fez uma temporada apagada, sem conseguir nenhum pódio e ficou sem carro para 2010. No meio da temporada, a Kondo voltou a categoria e trouxe Matsuda. Naquele ano, houve muita festa, quando Tsugio Matsuda, completou em Suzuka, sua centésima corrida na categoria, marca importante, chegando a 101 corridas na segunda etapa daquela rodada dupla, Matsuda fica atrás apenas de Satoshi Motoyama, em numero de corridas na Formula Nippon. O japonês terminou o ano com um ponto e novamente ficou sem carro para 2011.

Em 2012, Matsuda volta a categoria e agora, de volta a equipe que lhe proporcionou seus melhores dias na Formula Nippon. Matsuda já era companheiro de Oliveira pela Impul no SuperGT e agora essa parceria extende-se também para a categoria máxima do automobilismo japonês. A adaptação de Matsuda parece no momento bastante satisfatória, com pouca experiência com o novo chassi Swift, Matsuda fez bons treinos de pré-temporada e apesar de terminar os testes de Fuji com o oitavo tempo, tem potencial suficiente para iniciar a temporada brigando já por colocações melhores e quem sabe até um pódio. É difícil pensar em título já em 2012, Matsuda precisa se reacostumar a categoria, mas para um piloto que conseguiu ser campeão, sem vencer nenhuma corrida em 2007 e em 2008 aniquilou os rivais de forma esmagadora, nada é impossível. Matsuda é nome forte e respeitável na Formula Nippon e seu retorno faz muito bem a categoria. Tsugio Matsuda é o maior campeão em atividade e sua sede por vitórias e títulos não vai passar tão cedo. Fiquem de olho, Matsuda sempre pode trazer excelentes surpresas.

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