Não podemos falar da Team Impul
sem antes falar de seu fundador e dono, o melhor piloto de todos os tempos no
Japão, Kazuyoshi Hoshino.
Um dos mais bem sucedidos pilotos
da história do Japão, Kazuyoshi Hoshino é muito mais do que isso, é uma lenda. Nascido
em primeiro de julho de 1947, Hoshino teve uma carreira automobilística muito
longa, encerrando-a apenas em 2002, aos 55 anos. Sendo que até os 49 anos,
corria ainda em monopostos. Foi o piloto mais velho a disputar uma corrida de
Formula Nippon e o mais velho a vencer. Participou apenas da temporada
inaugural da categoria, terminando o ano na terceira colocação.
Hoshino venceu por duas vezes o
campeonato japonês de F2000, uma vez o campeonato japonês de F2 e três vezes o
campeonato japonês de F3000, seus anos de triunfo foram em 1975, 1977, 1978,
1987, 1990 e 1993. Isso sem contar um título no campeonato japonês de
esporte-protótipo e também no campeonato japonês de turismo o JTCC.
Durante o período de F3000,
Hoshino criou sua equipe, a Impul, que hoje, além de equipe de automobilismo,
fabrica carros e peças automotivas no Japão, sendo uma empresa muito bem sucedida.
O primeiro da equipe, porém, era Hoshino Racing e foi por ela que Hoshino
faturou o título de 1987, os outros dois, conquistou já com a nomenclatura de
Impul. No SuperGT, com apoio antigo da Calsonic, Hoshino fez história com sua
equipe e a famosa pintura azul de seus carros, que ganhou um apelido, conhecido
e amado pelos torcedores japoneses, “Legend of Blue” sempre com apoio da
Nissan.
Hoshino também participou das
duas etapas da F1 no circuito de Fuji, na década de 70, com a equipe Heroes
Racing, em 1977 com um chassi da Tyrrell e em 1978, com um chassi Kojima de
fabricação japonesa.
Na Formula Nippon a história da
Impul é muito rica. É a equipe com maior número de títulos, são seis ao todo,
sendo que o primeiro título veio apenas em 2001, com o piloto que mais venceu
na história da categoria, Satoshi Motoyama, tetracampeão da Formula Nippon, que
conquistou três de seus quatro títulos pela Impul. De 2003 até 2011, foram seis
títulos da equipe de Hoshino. Sendo desses seis, quatro consecutivos, entre os
anos de 2005 e 2008, com os pilotos, Satoshi Motoyama em 2005, Benoit Treluyer
em 2006 e Tsugio Matsuda em 2007 e 2008. A equipe voltaria a ser campeã em
2010, com o brasileiro João Paulo de Oliveira. No total, foram sete títulos de pilotos e seis de equipes, em 2001, a Impul deixou o título de equipes escapar, a campeã naquele ano foi a 5Zigen.
O poderio técnico e a capacidade
organizacional da Impul é tão grande, que por várias temporadas foi necessário
uma segunda equipe, em 2006, 2007 e 2008, a Impul teve quatro pilotos no grid
da Formula Nippon. A equipe de Hoshino, é de longe a mais bem organizada e mais
bem estruturada de todas as equipes de competição no Japão. Comandada pelo
homem que dedicou sua vida ao automobilismo, que estabeleceu em seu país, em
sua pátria, recordes e marcas impressionantes, um piloto que no amor mais puro
pelo automobilismo, correu de forma competitiva e consistente até os seus 55
anos de idade. Um nome que está marcado para sempre na história do
automobilismo japonês e mundial, Kazuyoshi Hoshino é o símbolo maior do esporte
a motor no Japão, o homem que traduz toda a vontade e dedicação de um povo
apaixonado pela velocidade.
João Paulo de Oliveira
Brasileiro, 30 anos
Corridas: 36
Pontos: 126,5
Vitórias: 4
Poles: 5
Títulos: 1
Estreia: Suzuka, 2006 pela
M&O 5Zigen
João Paulo de Oliveira foi o
primeiro brasileiro a ser campeão da Formula Nippon, um piloto extremamente
talentoso, que encontrou no Japão uma segunda casa e construiu uma carreira
sólida e vencedora.
João estreou em 2006, pela
5Zigen, substituindo o piloto Ryo Orime, na última etapa do ano em Suzuka. Oliveira,
que não conhecia o carro, teve um dia apenas de testes para conhecer sua
máquina. Seu desempenho foi espetacular, largou quatro posições a frente de seu
companheiro de equipe, Ryo Michigami, mostrando uma adaptação muito rápida.
Na corrida, Oliveira assombrou
ainda mais. Debaixo de muita chuva em Suzuka, o brasileiro fez uma estreia espetacular,
saindo de uma décima-sétima colocação no grid, para terminar em oitavo. Só não
marcou pontos em sua estreia, porque na época apenas os seis primeiros
pontuavam. Mas o desempenho de Oliveira, a intimidade com o carro que ele mal
conhecia e a habilidade de guiar no molhado, chamaram a atenção da Kondo
Racing, que contratou o brasileiro para o ano seguinte.
A Kondo Racing nunca foi uma
equipe de ponta, Oliveira sabia do desafio que seria guiar por lá, mas aceitou
a proposta e fez uma boa temporada de estreia, terminou com 18 pontos, enquanto
seu companheiro de equipe, Masataka Yanagida, encerrou a temporada zerado.
Mesmo por uma equipe limitada, a força de vontade de Oliveira foi brindada na
última corrida do ano, em Suzuka, quando João, conquistou seu primeiro pódio na
categoria, com um terceiro lugar, um prêmio para o piloto que tanto trabalhou
no desenvolvimento do carro durante todo o ano.
Em 2008, com um ano de
experiência na equipe, com seu trabalho mais amadurecido, Oliveira fez uma
temporada muito acima das expectativas da sua equipe. Foam três pódios, dois
terceiros lugares, na rodada dupla de Motegi e a tão sonhada primeira vitória,
numa corrida magistral em Fuji, onde Oliveira não deu chance a ninguém. Pole
position e vitória, numa pista onde o brasileiro sempre anda muito forte. No
final da temporada, um sexto lugar, com 33 pontos, uma marca até então inimaginável
para uma equipe como a Kondo.
Apesar do excelente desempenho em
2008, Oliveira ficou a pé para 2009, quando se dedicou integralmente ao
SuperGT. Voltou a Formula Nippon em 2009, dessa vez contratado pela equipe mais
forte da categoria, a Team Impul. A Impul, que depois de quatro títulos
consecutivos, viu a temporada de 2009 ser dominada por Loic Duval e sua
Nakajima Racing.
A estreia de Oliveira na Impul
não poderia ser melhor. Nas três primeiras etapas, três pódios, um segundo
lugar em Suzuka, sua primeira vitória pela equipe, em Motegi, debaixo de muita
chuva, condição de pista que privilegia o talento do brasileiro e um terceiro
lugar em Fuji. A partir daí, Oliveira teve alguns problemas e o mais doloroso
deles, sem dúvida veio em Sugo. O brasileiro liderava a corrida até com certa
tranquilidade, quando na última volta, começou a reduzir, Oliveira estava sem
combustível e a vitória caiu no colo de Kazuya Oshima. Apesar dos problemas,
Oliveira não se abateu, recuperou a boa forma e com um segundo lugar em
Autopolis, chegou a Suzuka com 36 pontos, empatado com Andre Lotterer da Tom’s.
A etapa de Suzuka, seria uma
rodada dupla, com pontuação diferente da usada até então no campeonato.
Oliveira saiu na frente de Lotterer na disputa pelo título, quando conquistou a
pole position para a segunda corrida. A pole na Formula Nippon, vale um ponto.
Oliveira já iria para a primeira corrida com uma vantagem de um ponto. Loic
Duval venceu, Lotterer chegou em terceiro e Oliveira, fora do pódio, via o seu
campeonato correr risco. Agora não só Duval estava no páreo também, como
Lotterer com os três pontos conquistados, estava agora, meio ponto atrás de
Oliveira, o brasileiro continuava líder, agora com 39,5 pts, Lotterer vinha com
39, enquanto Duval tinha 37. Eram três equipes diferentes na briga pelo título.
Apesar dos rivais estarem
chegando tão perto, o talento de Oliveira falou mais alto, aproveitando-se da
pole position, Oliveira conseguiu a vitória em Suzuka, sua segunda no ano e
terceira na carreira e sagrou-se campeão da Formula Nippon. Em seu primeiro ano
pela equipe de Kazuyoshi Hoshino, o brasileiro já conquistava o título, de
forma dramática, na última etapa e mostrando uma adaptação incrível, já que não
havia corrido na temporada passada e portanto não conhecia o chassi da Swift
tão bem quanto seus rivais.
Em 2011, Oliveira novamente
disputou o título, dessa vez, contra a dupla da Tom’s, Lotterer e Nakajima.
Oliveira chegou a vencer uma etapa, em Motegi, mas o desempenho da Tom’s era
forte demais e a equipe conquistou o título com Lotterer e o vice com Nakajima,
ambos chegando ao pódio em todas as corridas que participaram.
A temporada de 2012 promete muito
para Oliveira. O brasileiro foi muito rápido nos testes de pré-temporada,
venceu a etapa extra campeonato debaixo de muita chuva em Suzuka e andou forte
em Fuji. Com a chegada de Matsuda, Oliveira terá um companheiro forte no
desenvolvimento do carro e pode sonhar com o seu bicampeonato na Formula
Nippon. O brasileiro tem a confiança de Hoshino e toda a equipe, seu talento e
sua dedicação sempre deram resultados e o brasileiro é novamente um dos
favoritos ao título.
Tsugio Matsuda
Japonês, 32 anos
Corridas: 101
Pontos: 271,5
Vitórias: 7
Poles: 12
Títulos: 2
Estreia: Suzuka, 1998 pela PIAA
Nakajima
Matsuda é o mais experiente entre
todos os pilotos da atual temporada, não em idade, já que Sato é o mais velho,
mas sua participação na Formula Nippon começou lá atrás, na distante temporada
de 1998.
Recém saído do kart, Matsuda
disputou apenas uma corrida em 1998, chamado pela PIAA Nakajima, correu a etapa
de Suzuka e logo em sua estreia, terminou em sexto, marcando seu primeiro ponto
na categoria. No ano de 1999, Matsuda não correu, mas em 2000, foi contratado
como piloto titular da PIAA Nakajima.
Em sua primeira temporada
completa, Matsuda terminou o ano com a quarta colocação geral, conquistando 27
pontos, com direito a quatro pódios, incluindo sua primeira vitória na
categoria, conquistada na pista de Mine, logo na terceira etapa, num ano onde
seu companheiro de equipe, Toranosuke Takagi, venceu oito das dez corridas da
temporada, até hoje o piloto com mais vitórias em uma única temporada da
Formula Nippon.
Matsuda continuou na Nakajima por
mais duas temporadas, porém, sem conseguir mais nenhuma vitória e tendo como
ponto alto uma pole position em Suzuka, na última etapa de 2001, Matsuda mudou
de ares e em 2003, partiu para a Team Cerumo. Por lá ficou até o final de 2004,
sem muitas perspectivas de crescimento, numa equipe que não lhe oferecia a
estrutura necessária, Matsuda mais uma vez trocou de equipe, agora partia para
a 5Zigen, equipe que havia sido campeã de equipes em 2001, mas estava
enfrentando dias difíceis, longe das melhores colocações.
A decisão foi muito correta, numa
equipe fraca, Matsuda mostrou toda sua capacidade, conseguiu dois pódios, com
um segundo lugar em Suzuka e um terceiro em Fuji, além de uma pole position no
encerramento da temporada em Suzuka. O ótimo desempenho levou Matsuda a melhor
equipe da categoria no momento, a Impul. Começava aí um casamento que daria
muitos frutos.
Em sua primeira temporada em
2006, Matsuda se reencontrou com a vitória e ela não veio de forma fácil, numa
corrida espetacular em Autopolis, com direito a uma briga ferrenha com
Toshihiro Kaneishi da ARTA pela vitória, Matsuda em uma manobra espetacular,
tomou a ponta e dela não saiu mais, seis anos depois, o japonês sentia
novamente o sabor do lugar mais alto do pódio. Foi vice-campeão, com 37 pontos,
perdendo apenas para seu companheiro de equipe, Benoit Treluyer, que
conquistava naquele momento um merecido campeonato.
Em 2007, Matsuda estabeleceu o
primeiro de três recordes importantes de sua carreira e este, sem dúvida o mais
curioso. Aproveitando-se de uma excelente regularidade em seus resultados e
contando com a falta dela em seus rivais, Matsuda foi campeão da temporada de
2007 sem vencer uma única corrida sequer. O título foi decidido na última
corrida, numa batalha entre três pilotos, Matsuda que chegou a Suzuka com 41
pontos, Benoit Treluyer que tinha 45 e Takashi Kogure que também tinha 41.
Tsugio Matsuda fez uma corrida
segura, conservadora, lutando para marcar o maior número de pontos possíveis,
sem arriscar uma saída de pista ou acidente. E as coisas começaram a dar certo
quando Treluyer e Duval, se enroscaram na 130R, o título então caía nas mãos de
Kogure que àquela altura liderava a corrida. O japonês da PIAA Nakajima venceu
e comemorou o título, mas pouco tempo depois veio a notícia, Kogure estava
desclassificado, seu carro estava com dimensões fora do regulamento no
assoalho, com isso, Matsuda pulou da quinta para a quarta colocação no
resultado final, conquistando 5 pontos e chegando a 46, um ponto apenas a mais
que seu companheiro Benoit Treluyer, Matsuda sagrava-seentão campeão da Formula
Nippon.
Em 2008, disposto a mostrar que
sua força não era apenas a regularidade, mas também sua velocidade, Matsuda não
deu chance a ninguém. Foi uma temporada espetacular. Começou vencendo as três
primeiras corridas e mais, marcando poles nas cinco primeiras corridas. O
desempenho era inacreditavelmente forte. A velocidade de Matsuda era inalcançável,
nenhum piloto conseguia acompanhar seu ritmo. No final do ano, foram cinco
vitórias, seis poles e sete pódios. Matsuda terminou o ano com 93,5 pontos, a
maior pontuação de um piloto em uma única temporada da Formula Nippon,
superando os 86 pontos de Takagi em 2000, esse era seu segundo recorde. O
terceiro era decorrência de tudo isso, Matsuda se tornou o primeiro e único
piloto até hoje na história da Formula Nippon, a vencer o campeonato de forma
consecutiva. Nem mesmo o tetracampeão Satoshi Motoyama conseguiu essa façanha.
Tsugio Matsuda escrevia seu nome na história da categoria.
Em 2009, sem se adaptar bem ao
novo chassi, Matsuda fez uma temporada apagada, sem conseguir nenhum pódio e
ficou sem carro para 2010. No meio da temporada, a Kondo voltou a categoria e
trouxe Matsuda. Naquele ano, houve muita festa, quando Tsugio Matsuda,
completou em Suzuka, sua centésima corrida na categoria, marca importante,
chegando a 101 corridas na segunda etapa daquela rodada dupla, Matsuda fica
atrás apenas de Satoshi Motoyama, em numero de corridas na Formula Nippon. O
japonês terminou o ano com um ponto e novamente ficou sem carro para 2011.
Em 2012, Matsuda volta a
categoria e agora, de volta a equipe que lhe proporcionou seus melhores dias na
Formula Nippon. Matsuda já era companheiro de Oliveira pela Impul no SuperGT e
agora essa parceria extende-se também para a categoria máxima do automobilismo
japonês. A adaptação de Matsuda parece no momento bastante satisfatória, com
pouca experiência com o novo chassi Swift, Matsuda fez bons treinos de
pré-temporada e apesar de terminar os testes de Fuji com o oitavo tempo, tem
potencial suficiente para iniciar a temporada brigando já por colocações
melhores e quem sabe até um pódio. É difícil pensar em título já em 2012,
Matsuda precisa se reacostumar a categoria, mas para um piloto que conseguiu
ser campeão, sem vencer nenhuma corrida em 2007 e em 2008 aniquilou os rivais
de forma esmagadora, nada é impossível. Matsuda é nome forte e respeitável na
Formula Nippon e seu retorno faz muito bem a categoria. Tsugio Matsuda é o
maior campeão em atividade e sua sede por vitórias e títulos não vai passar tão
cedo. Fiquem de olho, Matsuda sempre pode trazer excelentes surpresas.